Perceção e Fuga
Um Olhar sobre Film, de Samuel Beckett
Resumo
Este breve artigo resulta da interpretação de que existe em Film, de Samuel Beckett (escrito em 1963), e na sua respetiva adaptação para cinema, realizada por Alain Schneider (rodado em 1964, nos Estados Unidos da América, e apresentado nos Festivais de Cinema de Veneza e de Nova Iorque, em 1965), intersecções com o domínio da utopia e da distopia, particularmente no que se refere à temática do olhar. Com efeito, quando o olhar assume funções de vigilância inevitavelmente se cruza com instrumentos de poder que podem conduzir à coerção de liberdades individuais e coletivas por parte de quem detém tal poder, uma situação espelhada em muitas distopias do século XX. Por outro lado, na contemporaneidade regista-se uma inversão de sentido, sendo os indivíduos a procurar visibilidade e exposição: para causas, grupos específicos - muitas vezes oprimidos ou marginalizados -, mas também puramente para a esfera da sua vida privada, num movimento potenciado pelo advento das redes sociais. Já Film, ao centrar-se muito concretamente na (im)possibilidade de se escapar à perceção (externa ou própria) e nas emoções despertadas nos indivíduos por tal contingência, ecoatemáticas debatidas no domínio dos estudos sobre a utopia no que diz respeito ao poder do olhar, ao mesmo tempo que antecipa ansiedades contemporâneas sobre o mesmo assunto
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