A questão do cemitério israelita na Ilha da Boavista (1915/1923)
Abstract
presença de judeus em Cabo Verde remonta, segundo o que conseguimos apurar, aos inícios da colonização, após a grande dispersão movida essencialmente por factores económicos e sociais mais do que religiosos e à acção inquisitorial institucionalizada nops finai do século XV na Península Ibérica.
Mas, é a partir do século XIX até meados do século XX, que a presença em Cabo Verde torna-se mais frequente e notória. De origens diversas, Marrocos, Gibraltar, Argel, Tunis, muitos deles chegavam com nacionalidades diferentes, sendo na sua maioria além de súbditos britânicos, portugueses quando o requeressem. Fixando-se temporária ou permanentemente nas mais variadas
ilhas do nosso arquipélago, guardando alguns a sua cultura, tradição
e desempenhando as mais diversas profissões, estes judeus entrados na condição de subditos britânicos, em maior número acabavam por gozar de acordo com o Tratado de Comércio e Navegação estabelecido entre Portugal e Inglaterra em 1842 de liberdades e facilidades comerciais, de isenção de impostos, do livre exercício da sua religião, podendo reunir-se para objectos do culto público celebrar os ritos da sua religião nas suas moradas ou em lugares para este fim destinado e enterrar os seus mortos pelo modo e com as cerimónia usadas, de acordo com a sua tradição. Mas as vãrias disposições de leis publicadas posteriormente não responderiam muitas vezes às cláusulas e direitos conquistados como súbditos estrangeiros, nem às suas convicções religiosas e tradicionais. Posições controversas, atitudes contraditórias estiveram quase sempre presentes, ligadas à mentalidade religiosa da época. É o que podemos constatar no caso do enterramento e manutenção do cemitério israelita da ilha Boavista.
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