O critério da verdade segundo Malebranche
Resumo
Junto com uma questão teológica, a Reforma protestante trouxe outra, epistemológica: a de qual seja o critério da verdade. Se a verdade é subjetiva, o espírito do fiel é o critério, e ele tem a liberdade para depreender o que lhe bem parecer da leitura da Bíblia; se é objetiva, há de haver um critério da verdade. No começo, os católicos abraçaram o ceticismo e negaram que a verdade pudesse ser conhecida. Por isso, o Pe. Malebranche ataca os céticos. Mas ataca também aristotélicos. Este artigo mostra como ele resolve o problema epistemológico através do ocasionalismo, e lança as bases do empirismo inglês. No ataque aos céticos, Malebranche repete o Contra Academicos e aposta na verdade da percepção da alma. Por outro lado, mostra que essas mesmas percepções não têm qualquer possibilidade de alcançar a verdade das coisas em si mesmas, e em vez disso servem apenas para revelar relações entre ideias (que podem ser empíricas). O conhecimento estaria em perceber essas relações, sem qualquer noção cartesiana de causalidade objetiva. Quanto às questões da fé, como não são empíricas, nem puramente abstratas, devem ser sujeitas à autoridade da tradição, sendo mais crível a autoridade temporalmente mais próxima da Revelação.
Palavras-chave: História do Cepticismo; História da Epistemologia; Reforma Protestante; Cartesianismo.
Autores antigos e medievais: Malebranche.