WhatsApp e o contexto discursivo como prova de violência contra a Mulher

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Resumo

No Brasil, a lei Maria da Penha (Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006) tipifica o crime de feminicídio e cria mecanismos para coibir e proteger mulheres vítimas de violência psicológica e/ou física. Apesar dessa lei, o número de feminicídios aumenta a cada dia. Em 2015, o Mapa da Violência (Waiselfisz 2015) estimava que o número de assassinatos seria de 4,8% de 100 mil mulheres, o que colocava o Brasil no quinto lugar do ranking da violência. O documento demonstrava que tínhamos 1 assassinato a cada 90 minutos e 5 espancamentos a cada 2 minutos. Em 2018, com a ascensão da extrema-direita espalhando discursos patriarcais e machistas, estima-se um aumento de 30% de atos de violência contra  a mulher. Nesses dados, contudo, não estão mensurados os estados de violência e a violência psicológica causada por relacionamentos abusivos. Com as redes sociais, inúmeras são as semioses que denunciam violência e abuso, que poderiam ser usadas em tribunal como provas, inclusive, para evitar mortes. Este artigo objetiva analisar marcas estilísticas discursivas presentes em mensagens de WhatsApp trocadas por uma vítima de feminicídio e sua melhor amiga, em caso de ampla repercussão nacional para, por meio da Análise do Discurso aplicada à Linguística Forense, qualificar o crime de homicídio, utilizando como respaldo teórico van Dijk (2012), Charaudeau (2001), Cano (2012) e Sousa-Silva e Coulthard (2016). O corpus é composto por mensagens trocadas pela vítima que indicam estado de violência, possível violência física e psicológica. Os resultados demonstram que a utilização desse material como prova de um crime traz à baila questões linguísticas como as concepções de “contexto” que demonstram, dentro do processo de interação, situações de estado de violência constantes.

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Biografia Autor

Rosangela Aparecida Ribeiro Carreira, UFG - Universidade Federal de Goiás

Possui graduação em Letras - Português/Espanhol pela Universidade de São Paulo (1997), mestrado e doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2015), MBA em Gestão e Inovação em EaD pela USP . Atualmente, é professora efetiva de Leitura e Produção de Textos da UFG (Universidade Federal de Goiânia), é colaboradora da Avalia Educacional/Ed. Moderna que compreendem composição de itens avaliativos, correção de redações e coordenação de corretores de exames de larga escala, bem como, formação de professores em diferentes regiões do país, professora de espanhol colaboradora da COGEAE e corretora de processos avaliativos nacionais e privados. É professora convidada para o ensino de Metodologia Científica no curso de Pós- graduação em Psicomotricidade do ISPEGAE/SP. Também tem experiência na elaboração de projetos educacionais presenciais e EaD nas plataformas blackboard e moodle em instituições educacionais e corporativas, com ênfase em códigos e linguagens e escrita de materiais, atuando principalmente nos seguintes temas:dinâmicas de planejamento, ensino de língua estrangeira (espanhol), leitura e produção de textos, linguagem jurídica, discurso pedagógico, português para fins específicos e projetos educacionais. Faz parte dos seguintes grupos de pesquisa da PUC/SP: Memória e Cultura na Língua Portuguesa escrita no Brasil sob a liderança do Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento e GELEP (Grupo de Estudos de Linguagem para o Ensino do Português) liderado pela Prof. Dra. Anna Maria Marques Cintra. Suas pesquisas são pautadas na Análise de Discurso de linha francesa com foco no discurso na negritude em literatura afro-brasileira e em projetos de Leitura e Produção de Texto.

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Publicado

03.01.2022

Como Citar

Ribeiro Carreira, R. A. (2022). WhatsApp e o contexto discursivo como prova de violência contra a Mulher. Language and Law Linguagem E Direito, 8(2). Obtido de http://84.247.136.72/ojsletrasX/index.php/LLLD/article/view/6830