Ciência europeia e exploradores africanos: a viagem de Francisco José de Lacerda e Almeida ao Kazembe
Resumo
Antes de vários exploradores oitocentistas se terem celebrizado nas viagens de travessia de África, foram empreendidas diversas tentativas de ligar as duas costas do continente.
No século marcado pelas grandes expedições científicas mundiais organizadas pelas coroas europeias, o matemático e astrónomo Francisco José de Lacerda e Almeida foi um desses pioneiros, cuja jornada iniciada na África Oriental terminou abruptamente na corte do Kazembe (1798). A sua acção, distinta do papel desempenhado por informantes competentes, inscreve‑se no projecto de realizar a viagem transcontinental com bases científicas, esboçado já pelo diplomata D. Luís da Cunha e pelo geógrafo Jean Baptiste Bourguignon d’Anville. Escolhido por D. Rodrigo de Sousa Coutinho pela sua formação científica e larga experiência nas partidas de demarcação da América Portuguesa, Lacerda e Almeida chegou a Moçambique munido dos múltiplos instrumentos da ciência europeia, mas teve de recorrer largamente aos conhecimentos locais e nomeadamente africanos. Esta comunicação incide sobre essa viagem precursora, situando‑se numa perspectiva de história social da ciência. Qual o papel dos actores africanos na construção do saber europeu? Como se processava a circulação da informação entre africanos e europeus? De que modo as lógicas endógenas às sociedades africanas e à sociedade colonial da África Oriental constrangiam as opções da ciência europeia?
Palavras‑chave: viagens de exploração geográfica, África, Moçambique, Kazembe, carregadores, intermediários culturais.
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